Riscos de acidentes estão em minas pequenas e médias

Riscos de acidentes estão em minas pequenas e médias
Para reduzir os custos, algumas empresas ignoram convenções internacionais.
Jones Rossi

O Brasil possui 2.647 minas, 47 subterrâneas. No total, trabalham 134 mil pessoas na área.

A tragédia na mina de San José, no Chile, é uma exceção em um país considerado um exemplo no que diz respeito à segurança na área de mineração. “O Chile é um país cuja economia está voltada para a extração de mineirais. Sabem o que fazem e estão longe de ser um mau exemplo”, afirma o consultor Décio Casadei, doutor em engenharia mineira e membro do conselho administrativo da Companhia Brasileira de Lítio.

De porte médio, a mina estava apinhada de maus exemplos, a maioria deles inconcebíveis em jazidas americanas, canadenses, sul-africanas, brasileiras e até chilenas. Um de seus maiores problemas era a falta de uma saída de emergência, obrigatória por lei no Brasil e em outros países. “Provavelmente, houve uma falha dos órgãos de governo do Chile em fazer a fiscalização dos protocolos e da metodologia de segurança da mina”, diz Casadei. Mario Sepúlveda, o segundo mineiro resgatado, reclamou publicamente das condições de segurança. “Este país tem de entender que é necessário haver mudanças.”

“As grandes empresas não têm esse tipo de problema”, explica Walter Arcoverde, diretor de fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão regulador do governo brasileiro. “Elas seguem as resoluções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e normas como a ISO 9000. As chances de ocorrer um acidente deste tipo são muito pequenas.”

Em geral, os problemas estão nas minas de médio e pequeno porte, onde a fiscalização nem sempre chega, seja por falta de pessoal ou mesmo por não haver registro destes locais. Enquanto as grandes minas têm duas saídas, poços de ventilação e quatro turnos de seis horas, regras estabelecidas nos países que assinaram a convenção da OIT, as pequenas e médias tentam cortar os custos para obter mais lucro, muitas vezes desrespeitando as leis. “Aqui no Brasil, o calcanhar de Aquiles é fazer cumprir as normas”, diz Arcoverde.

Desde 2004, o Brasil experimenta um crescimento rápido no mercado de mineração e, por causa disso, houve um aumento do número de acidentes em alguns segmentos. A fiscalização faz a diferença. As visitas regulares de fiscais a cada dois meses nas minas de extração de carvão de Santa Catarina fizeram o número de acidentes cair de 407, em 2005, para 317, em 2008. Ali, a pneumoconiose, doença do pulmão causada pela poeira gerada pela extração a seco das rochas, também foi praticamente erradicada depois da adoção da extração com água.

Emprego de risco — Ser mineiro é garantia de enfrentar uma rotina perigosa. Embora o setor de mineração empregue 1% de toda a força trabalhadora mundial, ela representa 8% de todos os acidentes fatais, segundo a OIT. Se o mineiro trabalhar em uma mina de carvão na China, as chances de sofrer um acidente se multiplicam. Produtora de 35% de todo o carvão mundial, a China é responsável por 80% das mortes ocorridas em minas de carvão, de acordo com a Administração Estatal de Segurança no Trabalho, órgão do governo chinês. Em 2006, 4.746 chineses morreram nas minas de carvão do país. Mesmo assim, o número é 20,1% menor que o de 2005, apesar do aumento da produção em 8%. A pneumoconiose, erradicada no Brasil, atinge 600.000 chineses.

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/minas-medias-representam-principal-desafio-para-a-fiscalizacao

Nobel da física vai para trabalho sobre carbono ultrafino

Dois físicos russos trabalhando na Universidade de Manchester, na Inglaterra, receberam o prêmio Nobel da física por investigar as incríveis propriedades da folha de carbono ultrafina conhecida como grafeno, informou na terça-feira a Real Academia Sueca de Ciências.

Eles são Andre Geim, de 51 anos, e Konstantin Novoselov, de 36.

Eles irão dividir o prêmio de aproximadamente 1,4 milhões de dólares.

O grafeno é uma forma de carbono na qual os átomos são organizados numa treliça de hexágonos achatados como uma cerca de galinheiro microscópica, na espessura de apenas um átomo.

Não se trata apenas do material mais fino do mundo, mas também do mais forte: uma folha do material, esticada sobre uma xícara de café, poderia suportar o peso de um caminhão acumulado num único ponto.

Entre suas outras propriedades, o grafeno é capaz de conduzir eletricidade e calor melhor do que qualquer outro material conhecido, e é completamente transparente.

Físicos dizem que ele poderá, eventualmente, rivalizar com o silício como a base dos chips de computadores, servir como um sensível material de monitoramento de poluição, aprimorar as televisões de tela plana e permitir a criação de novos materiais e testes inovadores de não-localidade, entre outras aplicações.

Em declaração oficial, a Real Academia afirmou, “O carbono, a base de toda a vida conhecida na terra, nos surpreendeu mais uma vez”.

O grafeno é intimamente ligado a duas outras formas de carbono que geraram grande interesse nos últimos anos: os fulerenos, que são estruturas de átomos de carbono no formato de bola de futebol, e os nanotubos, que são folhas enroladas de átomos de carbono.

Sempre se pensou, porém, que uma folha essencialmente bidimensional de átomos de carbono seria instável e acabaria entortando ou dobrando.

Geim e Novoselov conseguiram criar as primeiras folhas de grafeno descascando-as de pilhas de grafite – o material do qual é feito o lápis – com o uso de fita adesiva.

Geim, que nasceu em Sochi, na Rússia, e é hoje um cidadão holandês, estudou no Instituto Físico-Técnico de Moscou e obteve seu ph.D. no Instituto de Física em Estado Sólido de Chernogolovka , em 1987.

Ele levou uma vida errante de pesquisas – “Às vezes eu brinco que não estou interessado em fazer pesquisas, somente buscas”, disse ele ao site ScienceWatch.com em 2008 – antes de se tornar professor na Universidade de Nijmegen, na Holanda.

Foi lá que ele conheceu Novoselov, que havia nascido em Nizhny Tagil e se tornou aluno de graduação de Geim na Holanda.

Quando Geim subsequentemente se mudou para a Universidade de Manchester, ele convidou Novoselov para acompanhá-lo; hoje, Novoselov é um cidadão britânico e russo.

A criação do grafeno teve origem no que Geim e Novoselov chamam de experimentos da “sexta-feira à noite”, coisas loucas que podiam ou não funcionar.

Em um desses experimentos, Geim conseguiu levitar um sapo num campo magnético, o que lhe rendeu um IgNobel – uma paródia do prêmio oferecida a “pesquisas improváveis” – em 2000.

O trabalho com o grafeno surgiu do desejo da dupla de investigar as propriedades elétricas do grafite.

continua:
http://br.noticias.yahoo.com/s/07102010/84/mundo-nobel-da-fisica-trabalho-carbono.html